sexta-feira, 13 de julho de 2018

Artigos e Resenhas - Stringbreaker & The Stuffbreakers - Por Luiz Domingues

Olá pessoal!

Nesta semana temos mais um artigo especial do amigo Luiz Domingues, com uma resenha do álbum Stringbreaker & The Stuffbreakers. Só para lembrá-los que esta é uma coluna em que coloco artigos e matérias escritas por profissionais gabaritados e que serão úteis para os estudantes e apreciadores de música. 

Esta resenha e outras matérias maravilhosas podem ser encontradas nos blogs do Luiz. Segue abaixo o link deste artigo e os links dos blogs.


Um breve release do Luiz feito pelo próprio:
Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste Blog particular, reúno minha produção geral e divulgo minhas atividades musicais. Como músico, iniciei minha carreira em 1976, tendo tocado em diversas bandas. Atualmente, estou atuando com Os Kurandeiros.

Então vamos a resenha:

Stringbreaker & The Stuffbreakers - Por Luiz Domingues


Chegou às minhas mãos o CD de um jovem guitarrista paulistano, revelando seu trabalho mais recente em estúdio, despertando-me a atenção, de imediato. Trata-se de Stringbreaker & the stuffbreakers, trabalho de Guilherme Spilack, guitarrista técnico, criativo e influenciado pelas melhores referências do Rock Clássico.
Ao lado do baixista Robinho Tavares e do baterista Sergio Ciccone,  Spilack  gravou um disco com dez temas instrumentais, de agradável audição para ouvidos como os meus, mega simpáticos às sonoridades de cunho sessenta / setentistas.
A despeito dessa ótima prerrogativa Pró - Classic Rock, nem sempre foi essa a orientação de Spilack, entretanto. Sua escola primordial fora o Heavy-Metal, onde ele atuou com a banda Reviolence nesse mundo metálico, além de participações em bandas tributo do Iron Maiden, e do vocalista Bruce Dickinson. Mas mostrando ecletismo, mostra-nos nesse trabalho, um outro lado seu, plenamente identificado com a sonoridade clássica das décadas de sessenta e setenta.


Nas dez faixas do disco, o groove que apresenta é muito grande.
Sua guitarra sai do lugar-comum do virtuosismo puro e simples (e típico de guitarristas de Heavy-Metal, mostrando técnica em torno de exibicionismos hedonísticos), mas a favor da música, com sentido, com propósito. Outro ponto forte é a noção melódica excelente, produzindo,  solos que ficam na memória, com poder semelhante ao de refrães “chiclete” cantados por todos, tamanho o seu poder de identificação. 
E assim se configura o trabalho,  faixa por faixa, onde Spilack e seus companheiros envolvem o ouvinte, prendendo-lhe a atenção , e isso tem um mérito extraordinário em se considerando ser um trabalho de música instrumental, onde a tendência natural é agradar apenas uma faixa restrita de pessoas e invariavelmente formada por músicos em sua maioria.

Sobre as influências que eu detectei, são as melhores possíveis. 
Claro, fica a ressalva que esse tipo de percepção é meramente pessoal e baseada na influência inerente de cada um. Eu sempre ouço música, mesmo que seja moderníssima e buscando inovação absoluta, “pescando” alguma influência antiga, nem que seja subliminar e inconsciente da parte do artista que a concebeu. 
Minha base de influências no Rock, fica mesmo entre as décadas  de cinquenta  e setenta, portanto, tudo o que falarei a seguir, segue tal percepção de minha parte.


Por exemplo, em “Groove Party”, Spilack & Cia. conseguiram fazer com que o Southern Rock soasse forte, com Allman Brothers Band dando as cartas na mesa desse poker sonoro.
“Mad Middle Pickup” me fez pensar em como seria Johnny Winter e Joe Walsh tocando juntos...Spilack teve essa proeza de demonstrar na prática tal efeito explosivo.
Adorável o Blues roots de “Travel at the Southern Lands”.
“75’S spring”, mostrou o lado funkeado do Jazz Rock "ganchudo" de Jeff Beck e de fato, a primavera de 1975 foi pródiga e embalada por tais petardos desse grande mestre.
Jimi Hendrix aparece em manifestação mediúnica, na música, “Grooveria Paulistana”
“Doida” é puro Led Zeppelin, com Jimmy Page indicando o caminho para Spilack, mediante uma luminária montanha acima.
O Folk britânico / europeu mostra sua face em “Rainy Afternoon in Gonçalves”. Guilherme também tira o chapéu para Roy Harper, com certeza.
Um blues denso ao extremo, evocando Hendrix em seus momentos mais soturnos, nos é brindado em “The Inspiration Blues”.
Gosto do sabor pop quase imperceptível, mas muito bem colocado de um violão riscado na faixa, “Under Two Color Sky”. Marca registrada de um mestre carismático como Peter Frampton, e que Spilack soube explorar com galhardia.
A faixa escolhida por Guilherme Spilack para encerrar o CD, foi estratégica. “Taking Road Back Home” é um tema grandiloquente, com um solo dramático e que muito me fez recordar o saudoso Mick Ronson.

O áudio do CD é bastante agradável, respeitando a intenção do artista em buscar timbragens vintage, mas com a inerente modernidade da era digital.
Sobre a capa, achei-a simples, mas bastante criativa em seu lay-out, obra assinada por Débora Born. As fotos são de Renato Ciccone.

Abaixo, ouça uma amostragem do álbum postada no You Tube :


Spilack em pessoa cuidou da produção toda, incluso o áudio, operando em seu estúdio particular (SpilackTAG Estúdio), com exceção da captura de bateria, feita num estúdio diferente, o Estúdio Tool Box 68.

Em suma, um trabalho muito inspirado, que dá-nos esperança que o Rock possa trilhar caminhos melhores doravante, com jovens buscando beber em fontes nobres, novamente.
E uma ótima nova, que soube através do próprio Guilherme : sua intenção é que o Stuffbreakers seja uma banda doravante, seguindo carreira e portanto, não trata esse trabalho como solo. Melhor ainda, em suma.
Jovens como Guilherme Spilack e seus companheiros, nos trazem de volta essa empolgação em acreditar que dias melhores virão para quem ama o Rock.  
Para conhecer melhor esse trabalho, contato na página do Facebook : https://www.facebook.com/StringBreakerRock 

É isso aí pessoal.
Espero que curtam esta resenha do Luiz e principalmente, conheçam o trabalho deste grande guitarrista.
Abraços e até a próxima!

Nenhum comentário: