Olá pessoal!
Estamos de volta com mais uma coluna Artigos e Resenhas aqui no nosso site. Dessa vez o sensacional Luiz Domingues nos fala sobre o EP " Sou Neurozen e Você?" da banda paulistana Neurozen.
A matéria original pode ser encontrada neste link.
http://luiz-domingues.blogspot.com/2019/01/ep-eu-sou-neurozen-e-voce-neurozen-por.html
Lembrando que o nosso amigo possui três blogs diferentes que estão nos links abaixo.
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Um breve release do Luiz feito pelo próprio:
Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste Blog particular, reúno minha produção geral e divulgo minhas atividades musicais. Como músico, iniciei minha carreira em 1976, tendo tocado em diversas bandas. Atualmente, estou atuando com Os Kurandeiros.
Sem mais, vamos ao texto do Luiz:
EP Eu Sou Neurozen e Você? / Neurozen - Por Luiz Domingues
Neurozen é um fitoativo recomendado pela milenar medicina chinesa, para combater diversas anomalias cerebrais. Faz bem para a cabeça, para definir-se de uma maneira bem popular.
Mas o que eu quero dizer ao leitor, é sobre um outro Neurozen, que igualmente faz muito bem para a cabeça e principalmente ao ouvido e posso afirmar, para o corpo inteiro, pois provoca a irresistível vontade para dançar. Falo a respeito da banda paulistana, "Neurozen", que lançou recentemente o seu segundo trabalho fonográfico, o EP: "Eu Sou Neurozen e Você?"
Quarteto liderado por Paulo Pizzulin (trompete e flugelhorn) e André Knobl (saxofones soprano, alto e tenor), e é completada pelo baixista, Xantilee Jesus e o baterista, Vinícius Valentin. Portanto, pela mera observação da formação do grupo, os avaliadores mais ortodoxos seriam levados a crer que o grupo faz um som instrumental hermético, orientado pelo Jazz, com o virtuosismo levado como mote. No entanto, não obstante o fato de que tais elementos citados estejam no bojo do trabalho, a proposta desses artistas é bem mais ampla e generosa, no sentido de que não pretendem fazer música fechada para ser apreciada apenas por outros músicos, mas sim, buscam o alcance popular e tem a vontade em estimular as pessoas a dançar.
É possível fazer uma música instrumental com bastante sofisticação técnica e provocar a vontade de dançar em um ouvinte comum, que não seja necessariamente um músico? Sim, e o Neurozen logra êxito em seus esforços, ao longo dessa obra.
Sob o ponto de vista musical, o Jazz, sob diversas nuances, está obviamente presente e não seria para menos, ao considerar-se que tal grupo apresenta em sua formação básica, dois sopristas como os solistas do grupo. Mas há igualmente uma dose maciça de ritmos brasileiros variados onde a cozinha da banda pode brilhar bastante e o acréscimo de um músico convidado, foi providencial, visto que o percussionista, Renato Campos, supriu de uma forma magnífica todas as incursões pelos diferentes ritmos propostos, aliás não apenas os brasileiros (samba, xote, baião, maracatu e afins), mas também nas latinidades hispânicas propostas, com muito molho caribenho e igualmente nos ritmos africanos, a mostrar técnica e muita versatilidade.
E pode-se acrescentar a influência da Soul Music/Funk norte-americana e certas pitadas de Blues, muito bonitas no trabalho. Há espaço até para o experimentalismo, mas sob uma medida bem ajustada, o suficiente para conferir um ar de sofisticação na música dos rapazes, mas sem esmorecer o ânimo do ouvinte não aficionado da sofisticação, ao ponto de fazê-lo perder o ritmo de sua dança.
Sobre a capa, eu gostei muito do trabalho desenvolvido pela artista plástica, Isa Pizzu, que é filha do trompetista. Paulo Pizzulin. Trata-se de uma ilustração super psicodélica, a usar multicores e formas a insinuar pétalas de rosas, balões e até um pirulito, e que assim, mostra-se muito expressiva.
Nas demais faces da capa, existe uma boa ficha técnica e fotos da banda em uma ambiente náutico, com bastante natureza como cenário em locação.
Gravação feita no estúdio Orra Meu, de São Paulo, que a priori é um estúdio acostumado a gravar bandas de Rock, eis que neste caso, o seu áudio foi muito feliz em observar uma pressão sonora mais comedida do que a rapaziada desse estúdio está a acostumada a gravar e mixar. A camada de graves, provavelmente advinda do processo de masterização, tratou por aveludar o som da banda, o que agradou-me bastante. Isso ficou nítido em momentos com forte observação de dinâmica, onde o som mais comedido ficou muito agradável para a audição.
Sobre as faixas, são seis temas, alguns com duração até longa, algo surpreendente nos dias atuais onde o ouvinte comum costuma ouvir música por segundos na internet, mas a intenção aqui não é ser Pop para agradar os marketeiros da difusão mainstream, mas sim, atingir as pessoas e provocar-lhes a vontade em interagir com os respectivos movimentos de seus corpos.
"Miss Lounge" abre o disco. A latinidade está no ar e a percussão joga o molho, sem parcimônia. O trabalho dos sopros é magnífico e a cozinha segura tudo com muita firmeza. Há uma insinuação em prol da Disco Music setentista, ao final e a incidência de palmas humanas para marcar o ritmo, faz lembrar vagamente o som da KC and the Sunshine Band.
"Saudade do que Virá", entra com uma forte dose de brasilidade. Lembrou-me bastante o trabalho de Nivaldo Ornelas. Essa canção é permeada pelo bom gosto no uso de melodias finas, propostas por Paulo Pizzulin e André Knobl, com Vinícius Valentin e Xantilee Jesus a incrementar swing, e mais uma vez enriquecida pela percussão certeira de Renato Campos.
"Suburbana" é a terceira faixa e apresenta mais um tema versado por um ritmo bem brasileiro. Assim como no tema anterior, o nordeste se faz presente na intenção entre o baião e o xote.
Os solos são de arrepiar, o que comprova a tese que eu expus no início da resenha, a dar conta de que é possível, sim, haver sofisticação musical no cancioneiro popular. Tema longo, possibilitou a existência de diversas nuances rítmicas e o estabelecimento de uma brutal diferenciação da dinâmica em seu decorrer. O samba apareceu em um dado momento a dar margem para um criativo duo com cuícas. Um pequeno interlúdio a dar margem ao experimentalismo, ficou na medida certa e bonito ao meu ver.
"Relativa", é a quarta faixa e mostra um andamento lento. Talvez seja a faixa mais jazzistica do álbum, com uma beleza muito grande. O baixo do grande, Xantilee Jesus, trabalha com frases em efeito "looping", com o som a apresentar a incidência de efeito do trêmulo. Há uma parte mais acelerada, a conter mais senso de brasilidade, também.
"13º", é bem ritmada. Um verdadeiro convite à dança, quando apresenta partes funkeadas, em sintonia com brasileirismos e fecha o disco de uma forma forte, a suscitar a vontade do ouvinte em querer mais.
Gravado e mixado no Estúdio Orra Meu, de São Paulo-SP
Técnico de gravação: Gustavo Barcelos
Mixagem: Gustavo Barcelos e André Miskalo
Masterização: Breno
Capa (Arte e Lay-Out): Isa Pizzu
Fotos: Denis Argyriu
Assistência: Rogério Lacanha
Produção geral: Neurozen
Lançamento em 2018
Neurozen:
Paulo Pizzulin: Trompete e Flugelhorn
André Knobl: Saxofone (soprano; alto e tenor)
Vinícius Valentin: Bateria
Xantilee Jesus: Baixo
Músico convidado:
Renato Campos: Percussão
Sobre o álbum, é possível escutá-lo na íntegra em plataformas digitais, tais como o Deezer e o Spotify, além da Google Play Music.
Veja um vídeo promocional com a música: "Saudade do que Virá"
Eis o link para assistir no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=QwM2VlsKgHI
Para conhecer melhor o trabalho do Neurozen, acesse o seu site:
http://neurozenindiegroove.com.br/
Facebook e Instagram
/neurozenoficial
Spotify e Youtube
Neurozen Oficial
Eis aí uma banda que eu recomendo com ênfase, pela sua excelência musical e ótimas intenções artísticas dentro da cena brasileira.
Espero que tenham gostado desta resenha do Luiz e o mais importante: que tenham gostado do som da banda.
Abraços e até a próxima!
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