Olá pessoal!
Estamos de volta com mais uma coluna Artigos e Resenhas aqui no nosso site. Dessa vez o sensacional Luiz Domingues nos fala sobre o álbum "Into Your Head" da banda paranaense Newholly.
A matéria original pode ser encontrada neste link.
http://luiz-domingues.blogspot.com/2019/04/cd-into-your-head-newholly-por-luiz.html
Lembrando que o nosso amigo possui três blogs diferentes que estão nos links abaixo.
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Um breve release do Luiz feito pelo próprio:
Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste Blog particular, reúno minha produção geral e divulgo minhas atividades musicais. Como músico, iniciei minha carreira em 1976, tendo tocado em diversas bandas. Atualmente, estou atuando com Os Kurandeiros.
Sem mais, vamos ao texto do Luiz:
CD Into Your Head / Newholly - Por Luiz Domingues
Eis aqui, mais um exemplo, quando destaco a jovem banda paranaense, “Newholly”, que mostra-nos o CD “Into Your Head”, lançado em 2018.
Quarteto original da capital, Curitiba, o Newholly tem uma história própria um tanto quanto esquecida nos dias atuais, ao registrar-se que fora formada por amigos de infância. Ora, essa predisposição que fora muito comum em décadas passadas, esteve em relativo desuso, entretanto, e dessa forma, o simples fato de ter sido reativada de uma forma tão espontânea por esses rapazes curitibanos, traz em seu bojo, de uma forma subliminar, uma certa aura mágica em termos de resgate aos valores antigos dentro da instituição do Rock and Roll, ou seja, reverteu-se positivamente para que esses jovens artistas conseguissem atingir um élan especial, em torno das mais belas tradições Rockers.
Nesses termos, tal magia musical que resgataram, tanto na sonoridade, quanto em outros signos inerentes e oriundos das melhores décadas da história do Rock, automaticamente impregnou-se em sua criação musical e na veracidade com a qual apresentam-nas ao vivo, ao deixar de lado completamente a ideia formatada por possíveis detratores, ao alegar que propõe-se a tocar música do passado e de forma caricata, fantasiam-se com figurinos alugados para participar de festas temáticas e muito menos que o odor que exalem, remonte à naftalina. Nada disso acontece, pois o frescor da banda é total. Sim, a sonoridade é super sessentista, mas não mostra-se sob uma aura nostálgica, longe disso. É na verdade, algo feito com uma autenticidade muito grande e mediante qualidade musical, o suficiente para respeitar e reverenciar as influências que possuem.
O álbum: “Into Your Head” foi gravado por uma gravadora Major, a Sony Music. Isso por si só, já suscitaria uma especulação e tanto, visto que nos últimos anos o enfraquecimento da indústria fonográfica revelou-se tão avassalador, que causa espécie imaginar que ainda haja departamento de produção em gravadoras, à cata de artistas para contratar e lançar.
Isso por que toda a relação das gravadoras com a produção musical, mudou sobremaneira e dessa forma, tal metodologia mais parece pertencer ao passado, com as gravadoras, na atualidade, apenas a produzir conteúdo virtual e a lidar com os artistas sob outras maneiras. Outro ponto nessa relação das gravadoras, dá-se no campo do marketing, ou seja, o que fomenta-se via formação de opinião e é massacrado na mídia mainstream. Nesses termos, não há como negar-se que nos últimos anos, quiçá décadas, a opção pelo popularesco monopolizou completamente o espaço cultural no Brasil, portanto, o Rock ficou alijado desse processo e salvo manifestações isoladas, ficou, ou voltou ao limbo do underground. Posto isso, é surpreendente verificar que o Newholly tenha sido lançado em pleno 2018, por uma gravadora Major e com otimismo, torço para que seja uma tendência a confirmar-se doravante.
Sobre a sonoridade da banda, ela mostra-se muito bem versada pelo Pop Rock sessentista, onde nota-se diversas ramificações em termos de escolas clássicas dessa grande década, tais como: o popular, “Bubblegum”, de meio de década de sessenta, R’n’B, Rock’n Roll cinquentista, Blues, Country-Rock, Folk-Rock etc.
Observa-se uma preocupação acentuada em respeitar-se os timbres de época, o que é salutar no sentido de que ao contrário do que certos detratores poderiam supor, buscar a referência no passado não significa retrocesso, exatamente, e neste caso, de forma alguma, visto que os rapazes buscam inspiração em uma fonte de ouro. A respeito das letras, a condução geral é pelo romantismo a evocar as paixões manifestas entre pessoas jovens, mais ou menos a seguir a tendência daquele período de meio de década de sessenta.
Sobre a capa, trata-se de uma ilustração a exibir a caricatura das respectivas cabeleiras dos artistas, ou seja, nada mais “sixties”, eu diria. Lembra a capa do LP “Revolver” dos Beatles, certamente, e outras com tal mote, ao estabelecer também na imagem, uma conexão salutar com aquela década maravilhosa. E viva Klaus Voorman!
Antes de gravar, os rapazes fizeram um retiro em uma aprazível casa no campo, quando puderam mergulhar com afinco no seu processo criativo e dali partir para o Rio de Janeiro, onde gravaram o disco. A perspectiva do áudio nessa produção tem obviamente a pressão sonora da Era digital, mas os timbres vintage ficaram preservados, de certa forma.
O Newholly é formado na atualidade, por: John Strapasson (Voz e Guitarra base), Beppe Fumagalli (Guitarra Solo), Marc Dallo e Nelson Mazart (Baixo), entretanto, no disco, contaram com Eddie Lirani (Baixo e Voz), que foi membro fundador, mas deixou a formação, logo depois do lançamento do álbum.
Sobre as canções de “Into Your Head”, cabe destacar, alguns aspectos em pormenores.
1) She’s Got the Eyes
Eis uma vibrante canção com forte influência do Country-Rock. A voz de John Strapasson, é aguda, e lembra a de John Lennon. Os backing vocals pontuam muito bem. Partes A e B, mostram-se bem engendradas e a conter também um refrão convidativo. O solo rápido, feito por Beppe Fumagalli, é bem eficiente e a observar uma timbragem in natura, muito boa, gostei muito.
2) Ain’t Better Than Love
É muito boa a harmonia vocal feita em trio, logo de início e a manter-se pela música em diversos trechos. É uma música ao estilo Bubblegum, típica, e assim provoca a imediata vontade para transportarmo-nos imediatamente para 1965 e deixar a energia fluir, sem pensar em mais nada. Pequenas sutilezas vocais remetem mais uma vez aos Beatles, em claro sinal de reverência.
3) Saved
A canção inicia-se com um riff muito bonito. Gosto da sonoridade de uma guitarra limpa, com esse timbre, sem sombra de dúvida. Baixo e bateria se colocam na canção de um modo muito firme, e sobre o baixo, a sonoridade a pender para o grave, cai como uma luva para a canção. Um solo mais nervoso de Beppe, evoca o The Who, com aquele sentimento MOD, ultra britânico. Mais um refrão muito bom, com vocalizações ricas.
4) I’ve Been
O R’n’B entra em cena com essa bela canção. Mediante uma harmonia bem feita a explorar as nuances dos acordes menores, mais uma vez o Newholly apresenta uma ótima composição a esmerar-se no capricho da melodia, mediante vocalizações em harmonia muito bem arranjadas e sobretudo, afinadas.
5) Bluebird
Eis aqui uma canção a mostrar-se como uma balada acelerada, com muito colorido, ao ter em conta o (bom) uso do slide guitar. Gostei muito da parte B, com acento em staccato, ultra sessentista. A batida da bateria com condução aberta no prato Ride, a ressoar em certos trechos da canção, foi uma ótima resolução criada por Marc Dallo. A sobra do coro vocal, a capella, ao final, foi outra boa ideia para o arranjo.
6) Sixth Sense Song
Eis um Blues-Rock bastante vigoroso, a demonstrar um peso bem acentuado. Com mais ardência nas guitarras e a presença de riff forte, lembrou-me o som do Fleetwood Mac em seus primórdios. Tem muito balanço, no limiar da Soul Music, igualmente.
7) Can’t Lie to Your Heart
Esta canção é deveras estimulante e mais uma vez apresenta uma bela linha melódica, conduzida muito bem por John Strapason. O baixo de Eddie Lirani é muito bem executado. Trata-se de uma linha a pontuar a harmonia com um desenho que não foge da clássica condução a observar o uso de quinta acima a intercalar-se com quarta abaixo, mas Eddie acrescentou um algo a mais e fez a diferença. A canção tem muito a ver com o estilo do The Kinks, a extraordinária banda dos irmãos Davies.
8) I’d Cry Along
Eis mais um Country-Rock com um ótimo trabalho de guitarras a sincronizar desenhos ricos, perpetrados por John e Beppe. Lembra bastante o som dos Beatles na sua primeira fase (1962 / 1965) e ao final, o falsete de John, o Strapasson, não o Lennon, trata por evocar a presença do Paul McCartney que igualmente traz em si como uma espécie de seu mentor (ótima escolha, por sinal).
9) To All the Kids
A ideia em iniciar a canção com uma menção ao seu próprio refrão, cantado a capela, foi ótima, e lembrou-me o trabalho do Small Faces. Gostei dos acordes cheios das guitarras, dos desenhos bem construídos e da firme condução da cozinha, com baixo e bateria sob um sentido de andante moderado. Mais uma vez os vocais em harmonia são agradabilíssimos.
Into Your Head - Newholly
Estúdio de Gravação: 707 (Rio de Janeiro / RJ)
Direção e Produção Artística: Kiko Martins
Mixagem e Masterização: Daniel Medeiros
Capa: Beppe Fumagalli e Nelson Mozart
Formação do Newholly, que gravou o CD Into Your Head:
John Strapasson: Voz e Guitarra Base
Beppe Fumagalli: Guitarra Solo
Eddie Lirani: Baixo e Voz
Marc Dallo: Bateria
Recomendo a audição do álbum e sobretudo, torço muito para que o Newholly alcance o sucesso em larga escala, visto que além do talento e das ótimas influências que os seus componentes possuem, tais artistas demonstram uma força de vontade fora do comum, e certamente que essa paixão que extravasa-se através da sua música, é contagiante. O álbum encontra-se disponível em todas as plataformas digitais da atualidade.
Para conhecer melhor o trabalho do Newholly, acesse:
@newhollymusic.
Canal no You Tube:
youtube/newhollymusic
Contato direto com a banda:
newhollymusic@gmail.com
É isso aí!
Espero que gostem desta resenha e o principal, conheçam o som bem legal desta banda.
Abraços e até a próxima!
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