Olá pessoal!
Estamos de volta com mais uma coluna Artigos e Resenhas aqui no nosso site. Mais uma vez temos uma matéria do sensacional Luiz Domingues, ele escreveu sobre o álbum Brizio de Fabrizio Micheloni.
A matéria original pode ser encontrada neste link.
Lembrando que o nosso amigo possui três blogs diferentes que estão nos links abaixo.
Um breve release do Luiz feito pelo próprio:
Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste Blog particular, reúno minha produção geral e divulgo minhas atividades musicais. Como músico, iniciei minha carreira em 1976, tendo tocado em diversas bandas. Atualmente, estou atuando com Os Kurandeiros.
Sem mais, vamos ao texto do Luiz
CD Brizio/Fabrizio Micheloni (Brizio) - Por Luiz Domingues
Eu conheço o baixista, Brizio (Fabrizio Micheloni), há muitos anos e sempre o considerei um músico excepcional. Dono de uma técnica tremenda, é um virtuose do instrumento, ao se mostrar criativo, exuberante em sua performance ao vivo e munido de uma personalidade forte o suficiente para defender com veemência as suas opiniões.
Eclético, ao mesmo tempo que detém inúmeras influências boas do panteão do Rock clássico, ele também é versado pelas novidades em voga, inclusive as advindas de searas do Rock mais pesado.
Famoso por sua passagem vitoriosa pelo grupo pesado, “Carro Bomba”, Brizio deixou a banda e lançou esse seu primeiro álbum solo com grande expectativa gerada da parte de seus muitos fãs, certamente, e como boa nova nesse sentido, o disco não apenas atendeu tal demanda, como eu tenho certeza de que superou qualquer dedução mais otimista.
Com sonoridade moderna, mas a evocar diversos signos sonoros de épocas remotas, "Brizio" apresenta uma coleção com oito boas músicas, a mostrar virtuosismo (não apenas de sua parte, o próprio, como baixista, mas também de seus convidados), além da criatividade e força significativa de suas ideias expressas através das letras por ele elaboradas.
É bom salientar que apesar de possuir uma destreza tremenda ao instrumento, o seu disco não está fundamentado nessa prerrogativa e não se trata, portanto, de um disco versado por temas instrumentais exclusivamente dedicado à exibição da sua técnica, mas na verdade é um disco regular de carreira, feito por um artista que nos mostra as suas composições e demonstra querer emitir recados taxativos através das letras que escreveu.
Sobre a capa do disco, eu gostei do tom sóbrio, a mostrar o artista na capa a envergar o seu instrumento, no caso o baixo e nada mais. Há um encarte com várias lâminas a conter as letras das canções, uma medida ótima e também a apresentar fotos do artista e de seus convidados.
Nesse quesito, destaca-se a presença do guitarrista virtuose, Demian Tiguez, famoso na seara do Heavy-Metal, ao tocar com o grupo, “Symbols”, que também operou a gravação e mixagem deste disco. E igualmente a se realçar a persona sensacional de Fernando Minchillo, experiente baterista com passagem pelos grupos, “Baranga” e “Carro Bomba”.
Em síntese, se trata de um trabalho forte, bem gravado e que mostra a volúpia de um artista que sempre se portou de uma forma exuberante através da sua atuação em prol do "Carro Bomba", e agora em carreira solo, ele mantém a mesma determinação.
Sobre as músicas em si, eis mais algumas considerações da minha parte:
A primeira faixa, chamada: “Deixa Rolar a Canção” começa com um poderoso riff a la Hard-Rock setentista, mas a roupagem é bem mais moderna a trazer no seu bojo, vertentes do Heavy-Metal, Punk-Rock e até contém ecos do Hip Hop, principalmente na linha melódica a se manter no limite da declamação.
A canção é permeada por convenções bem intrincadas e impressionam bastante os solos de baixo e guitarra, alternadamente.
Em termos de mensagem, a letra é bastante contundente, com Brizio a mostrar com singularidade as suas opiniões fortes sobre a vida, a demarcar que na sua ótica, a instituição da música é uma ferramenta eficaz para se quebrar paradigmas. Nesses termos ele diz em um certo verso:
“Onde jaz a redenção
e a música é a única religião
onde não vale o nome
se for só pose
nem loucura ou morte
por overdose”
Entra a segunda faixa e o ímpeto não recrudesce. “Vá se Rebelar” é um tema fortemente influenciado pelo Punk-Rock, mas fica a ressalva que pelo fato cabal de ser executado por grandes músicos, tal virtuosismo implícito faz com que o estilo em si, que sempre primou pela rudeza absoluta, neste caso seja bastante valorizado pela roupagem musical muito enriquecida.
Por conta dessa realidade, se trata de um tema acelerado, porém extremamente bem instrumentalizado.
A linha melódica, aí sim mais gutural, fica mais próxima da tradição do Punk-Rock, mas neste caso, vem a calhar com a proposta da letra, e esta a se revelar como uma autêntica palavra de ordem contra a mesmice das pessoas que reclamam da crueza do sistema, mas não se manifestam para encorpar o coro dos que enxergam as mazelas do mundo, porém não contribuem para gerar um quórum mínimo, que seja o suficiente para que se possa nutrir esperança por mudanças. Eis um trecho da sua revolta expressa na letra:
“Novo milênio/velhos desgostos/mitos falidos/livro relido/o tempo perdido/e todos unidos para chegar/no fundo do poço”
“O Junkie na Vala” (La Cocaetileno Shuffle) é também bastante agressiva em sua formulação, a revelar tendências mais modernas do Heavy-Metal e que tais. Impressiona a precisão dos instrumentos em meio a uma série de convenções bem alinhavadas.
Nesta faixa, Brizio toca guitarra base também e com firmeza, ao lembrar vagamente o som do Black Sabbath, embora o solo virtuosístico tenha sido feito por Demian Tiguez.
“Meus Dias de Infância” é um Rock mais melódico com estilo setentista. O riff primordial é muito bom, a soar com uma certa insinuação do estilo Glitter-Rock setentista, como se fosse uma peça de um disco do saudoso, Lou Reed, ali direto dos anos setenta.
Em sua letra, a reflexão é interessante, quando propõe questionar se não devemos rever com um maior apuro certos comportamentos típicos da infância, mesmo no curso da vida adulta, permeada por uma obrigação desmesurada pela seriedade em demasia. Pois é, por que não? Eis um trecho interessante sobre tal questionamento que ele fez na letra:
“Será que eu cresci/ou será que me perdi/será que eu cresci/o que será que perdi e por que/por que?”
“O Homem Azul” é uma canção que se inicia de uma forma bem amena, com introdução ao violão, a evocar as sonoridades do Folk-Rock sessenta-setentistas.
Mas que o leitor/ouvinte não se engane, pois a docilidade silvestre da canção não amenizou a verborragia incisiva da parte do Brizio, que mais uma vez destila a sua revolta ao sistema, com ternura, mas sem perder a contundência, jamais.
Ele faz afirmações tais como:
“Quero ver arte nas ruas/escolhas suas armas e vá brigar em paz/pra detonar toda a estrutura/e o castelo de cartas desmoronar”
A canção é bela, tem uma boa melodia, o solo de guitarra é excelente, os violões-base são ótimos e o arranjo geral é muito bem engendrado, inclusive a apresentar um final com um efeito bem interessante, ao deixar as cordas acústicas sobrarem além do “fade out” final, ou seja, é um fator que lhe garantiu um verniz todo especial.
A sexta faixa, “Assim que te Querem” é um Rock vibrante, com certo sabor Hard que me fez recordar do som do bom grupo britânico, UFO, nos anos setenta, talvez pelo belo fraseado feito pela guitarra e baixo, com muito vigor e senso melódico.
E na performance vocal, o Brizio impressiona pela capacidade de comunicação direta com o ouvinte, algo raro e que nos anos oitenta teve em Cazuza e Catalau, dois cantores que souberam usar desse recurso, muito bem.
Vem a sétima faixa e com ela, a volta do peso, agressividade e da modernidade expressa nas primeiras faixas. Em “Cadê o Amor, Porra?”, a sonoridade é bem metálica, com rapidez, peso e timbres modernos. O solo é muito técnico, ao gosto dos que apreciam tais vertentes e na letra, para fazer jus ao seu título, Brizio vai firme na sua crítica às mazelas da sociedade e do comportamento humano tão inebriado pelas distrações múltiplas do cotidiano.
Coloquial, mas bem duro no recado, ele afirma:
“Não aguento mais/discórdia ou paz/aprender pela dor/ou dar chance ao amor”
E o álbum chega ao seu final, com uma canção que possui um certo apelo Pop, porém sem fazer concessões ao sistema, pois prevalece a estrutura Rock na harmonia e melodia. Falo sobre "Recomeçar" a oitava faixa do álbum.
Gostei bastante da base a usar com bastante felicidade o efeito da caixa Leslie. Em alguns momentos, a condução harmônica me fez recordar o som do Power-trio setentista: “West/Bruce and Lang”. Gostei muito do solo de Demian Tiguez, mais uma vez a executar com maestria o seu instrumento.
Interessantíssimo, ao final, envolto ao “looping” em tom de mantra, eis que surge uma locução com a voz do saudoso e profundo filósofo indiano, Jiddu Krishnamurti, que foi acrescida para abrilhantar a obra.
E ao finalizar, a guitarra desaparece, o baixo sobra e também vai embora a seguir, para finalmente a bateria permanecer sozinha por alguns compassos e sumir no alto falante do ouvinte. Em suma, tal predisposição de arranjo garantiu que o tema seja enviado diretamente ao subconsciente do ouvinte, portanto, foi uma ideia muito boa.
Em síntese, este primeiro trabalho solo do extraordinário baixista, Fabrizio Micheloni, popular Brizio entre os seus amigos e admiradores, nos legou um apanhado de canções que transitam em perfeita harmonia entre a modernidade do som pesado e as boas influências do Rock, Folk e Blues do passado, com brilhantismo instrumental de sua parte mediante o seu poder de fogo que é imenso como um virtuose ao instrumento e também a revelar virtude na sua criação como compositor e letrista, boa comunicação como cantor que emite bem o recado e tem o que dizer, aliás, um predicado importante da parte de um artista que enxerga adiante e aponta caminho, a se revelar um guia.
O álbum está disponível para ser adquirido e ouvido em diversas plataformas de música e também em versão física para a aquisição.
CD Brizio/Fabrizio Micheloni
Gravação e mixagem: Estúdio Tiguez
Masterização: Estúdio Daga Music House
Técnico de som na captura e mixagem: Demian Tiguez
Técnico de som na masterização: Adriano Daga
Capa e encarte/criação: Fabrizio Micheloni e Andrea Solé
Capa e encarte/diagramação & lay-out: Marco Tonalezzi
Fotos: Andrea Solé, Washington Santos e Jordana Oliveira
Fabrizio Micheloni: Baixo, guitarra, violão e voz
Músicos convidados:
Demian Tiguez: Guitarra e voz
Fernando Minchillo: Bateria e voz
Para conhecer melhor o trabalho do artista, visite:
Brizio – Canal do YouTube:
Facebook:
E contato direto pelo e-mail:
briziobass@gmail.com
É isso aí pessoal!
Espero que tenham gostado de mais uma matéria do sensacional Luiz Domingues.
Um abraço e até a próxima coluna!
2 comentários:
Baita músico!Estimo sucessos contínuos para o baixista Fabrizio Micheloni (Brizio) bem como para vocÊ Luiz Domingues e banda Kurandeiros!
Muito bom mesmo né Claudiomir!
Valeu por curtir o CD do Brizio e a resenha do Luiz, é importante divulgarmos o trabalho de quem está trabalhando. Abraços!
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