quinta-feira, 16 de junho de 2022

Artigos & Resenhas - CD Avenida Paulista/Jessé "Blindog" Carvalho - Por Luiz Domingues

 
Olá pessoal!

Estamos de volta com mais uma coluna Artigos e Resenhas aqui no nosso site. Mais uma vez temos uma matéria do sensacional Luiz Domingues, ele escreveu sobre o álbum Avenida Paulista de Jessé "Blindog" Carvalho.

A matéria original pode ser encontrada neste link.

Lembrando que o nosso amigo possui três blogs diferentes que estão nos links abaixo.

Um breve release do Luiz feito pelo próprio:
Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste Blog particular, reúno minha produção geral e divulgo minhas atividades musicais. Como músico, iniciei minha carreira em 1976, tendo tocado em diversas bandas. Atualmente, estou atuando com Os Kurandeiros.

Sem mais, vamos ao texto do Luiz.

CD Avenida Paulista/Jessé "Blindog" Carvalho - Por Luiz Domingues


Este álbum representa o fechamento de uma trilogia feita pelo extraordinário guitarrista e compositor, Jessé Carvalho, cujo codinome, “Blindog”, também denomina a banda por ele fundada e liderada desde 1995, no entanto, se os dois primeiros discos da trilogia, retrataram em prosa e verso a megalópole de São Paulo, estes foram considerados como trabalhos da banda, todavia, desta feita com o CD “Avenida Paulista” o encerramento dessa saga é creditado como um álbum solo do artista.
Experiente (Jessé está na ativa da vida artística, desde 1965, quando fundou o seu primeiro grupo: “Blue Star”), ele é brutalmente influenciado pelo melhor da produção do Rock e do Blues das décadas de sessenta e setenta, tocou em muitas bandas pela noite e pelos bailes da vida, foi um dos fundadores do famoso grupo: “Irmandade do Blues”, uma banda icônica do métier do blues brasileiro, até criar a seguir, o seu não menos significativo grupo de Rock & Blues: “Blindog”
Versado fortemente pelo Blues-Rock em essência, ele é também um hábil articulador do Hard-Rock, R’n’B, Blues tradicional, Acid-Rock sessentista e muitos outros estilos, portanto, a versatilidade é uma das suas ferramentas, ao lado da técnica apurada e extrema capacidade criativa para criar riffs poderosos. No entanto, também com um poder de criação em torno do teor Pop, haja vista a sua produção mediante ótimas melodias e harmonizações, a garantir que as suas canções sejam bem delineadas.
Isso sem deixar de mencionar que ele é igualmente um instrumentista com dote duplo, pois também toca baixo, além de ser ótimo compositor e arranjador, letrista e detém um outro predicado que é raro nos dias atuais: a sua visão do Rock é versada pela cartilha da mais nobre estirpe, daí a sua credibilidade como artista ser irrepreensível.
Neste álbum, “Avenida Paulista”, ele traz um conjunto de quatorze músicas (duas delas são regravações de antigos trabalhos do Blindog e anotadas como "revisitadas"), a trafegar pelos estilos já citados, com um brilho intenso. 
Impressiona a qualidade dos riffs, harmonização, melodias, arranjos, vocalizações da parte de seus bons cantores convidados, os solos poderosos de sua parte, boas letras escritas e tudo muito bem produzido sob o ponto de vista da produção de áudio, mediante ótimos timbres, principalmente da parte da guitarra e nesse quesito, Jessé é um discípulo da tradicional e infalível clássica guitarra, Fender Stratocaster, a sua marca registrada em termos de sonoridade.


Sobre a capa e encarte, eu gostei da proposta simples, a mostrar a persona de Jessé como ilustração central e com a placa de rua a demarcar o nome da Avenida Paulista. Trata-se de uma foto envelhecida em sua resolução, a dar um ar amarelado e que contrastou bem com o fundo proposto.
No encarte, há um emocionante texto de autoria do próprio Jessé a traçar um histórico da sua carreira até os dias atuais, além de fotos de seus músicos convidados, das suas guitarras & equipamentos e a ficha técnica. 
E cabe destacar igualmente que na capa, há um box a estabelecer um mote publicitário muito divertido ao fazer alusão a uma linha de pensamento controversa: “Powerblues para roqueiros: Blues. Para blueseiros: Rock”. Que fique claro que há uma dose maciça de tais alicerces musicais e muito mais no âmago desta obra.

Sobre as músicas, cabe uma reflexão pormenorizada:

Ouça “Avenida Paulista”. 


“Avenida Paulista” a faixa que também denomina o disco e mescla várias influências misturadas. Ali se percebe o Hard-Rock, Blues e Southern Rock em essência. Em sua parte “A”, o ritmo fracionado abre campo para a vocalização soar como uma súplica, com bela interpretação do cantor, Rama Raynsford.
O refrão, é sensacional, a lembrar o estilo do Acid-Rock sessentista e a letra, enumera diversos bairros da cidade de São Paulo, a se revelar uma bela homenagem à megalópole e por conseguinte, enaltecer a ideia da Avenida Paulista como uma espécie de simbiose para tal ode.

Escute “Algemado e Arrastado”:


A segunda faixa, “Algemado e Arrastado”, começa com um riff poderosíssimo, ultra Acid-Rock sessentista, ainda mais explícito do que fora observado na primeira canção. A melodia é excelente e o arranjo com convenções bem arquitetadas e harmonia muito bem colocada, valoriza demais a canção. O solo é excelente e o apoio da gaita valoriza ainda mais o bom trabalho.

Ouça “Coração Trincado”


“Coração Trincado” é um Blues tradicional, e claro, muito bem tocado. Como não se empolgar com uma peça desse teor? Os solos mais uma vez, se mostram como muito bons, tanto da guitarra quanto da gaita.

Escute “Blues para Aylan”:


“Blues parta Aylan”, vem a seguir e a sua intensidade é impressionante. O ritmo é bem marcado pelo baixo e bateria, mas a harmonia não segue a tradição dos três acordes típicos do gênero e pelo contrário, voa longe e assim possibilita também uma maior amplitude para a melodia central para assim permitir que o cantor interprete e também por conter apoio no dobro de voz, muito bem feito.

Ouça “A Velha Harley”:


“A Velha Harley” é a quinta faixa. Não falta o motor e o arranque da moto para dar início à canção e a seguir, o Hard-Rock dá as cartas sob uma primeira instância, mas o Rock’n’ Roll in natura também se apresenta. 
São muito interessantes os desenhos propostos pela guitarra, a colorirem em demasia a canção, assim como o bom apoio da gaita. E também se revela muito bom o solo da guitarra a fazer uso do wah-wah.

Escute: “Seduzido e Mal Pago”:


“Seduzido e Mal Pago” traz o Blues-Rock clássico e ele vem com tudo. Tal peça me lembrou muito o som de Robin Trower em sua carreira solo. Adorei o som anasalado da guitarra na parte do solo.

Ouça: “Learning to Cry (Revisada)


A sétima faixa é: “Learning to Cry" (revisitada). Esta é bem influenciada pelo Blues texano sob uma primeira instância e se mostra muito vibrante pelo balanço, a lembrar o R’n’B Pop de Edgar Winter, mas há o vocalize todo trabalhado no refrão que me levou diretamente como referência, ao trabalho do duo vocal: “Ghetto Fighters” nos anos sessenta.

Escute “Julia”:


“Julia” é uma balada bastante emocional, gostei muito da melodia e sobretudo do solo, super melódico, feito em dueto a abrir vozes dentro da harmonia da canção, através das guitarras.

Ouça “Opala 76”:


“Opala 76”, a nona faixa, é versada pelo Blues-Rock em essência e eu gostei muito da linha de voz em sincronia com a divisão rítmica. E também de mais um solo com o uso do wah-wah muito bem engendrado, além de mais uma vez apresentar como recurso, a voz dobrada a imprimir um estilo tradicional para o trabalho de Jessé Blindog.

Ouça “Vida de Cão:


“Vida de Cão” vem a seguir e o Power-Blues observado nessa faixa é vigoroso. Uma parte B que advém é muito bonita ao propor o Blues mais melódico, graças aos acordes elaborados e igualmente pela condução balançada, via “andante”.

Escute: ”Beco da Eterna Escuridão” (revisitada):


“Beco da Eterna Escuridão” (revisitada) contém um sentido Pop muito interessante na sua melodia de refrão, assim como se mostra com um ritmo dançante, embora na sua constituição básica, haja o Blues como proposta, com convenções a delinear tal intenção. Mais uma vez o solo super melódico em dueto, ofertado pelas guitarras de Jessé, chama a atenção.

Ouça “O Mais Triste dos Blues”:


“O Mais Triste dos Blues” é vibrante por natureza, ao trazer o riff base bem orientado pelo Acid-Rock sessentista. A melodia é muito bem construída e as convenções enriquecem muito a obra. É ótimo o solo, a lembrar bem o som de Jimi Hendrix.

Escute “Metrô das 7”:


“Metrô das 7” tem um balanço incrível, ao fazer me lembrar do som de Dr. John em sua parte cantada com forte teor do R’n’B de New Orleans. Há uma parte acelerada, muito interessante em adendo e o riff é excelente.

Ouça “Balada de um Homem Mau”:


“Balada de um Homem Mau” é a décima quarta faixa do álbum, a encerrá-lo. Gostei muita da sua introdução com convenções bem intrincadas feitas pela guitarra e baixo. Há elementos da escola do Hard-Rock, mas prevalece a base Blues-Rock. 
Gostei do uso de oitavas pela guitarra e baixo a reforçar a voz em alguns versos. Outra vez a fazer uso do recurso do dueto, as guitarras comandadas pelo Jessé constroem uma belíssima melodia a la “Wishbone Ash”.

Com a dedicatória de punho do artista: fiquei honrado por isso!

Para encerrar, eu digo com entusiasmo que o álbum “Avenida Paulista” é mais um trabalho muito inspirado do guitarrista e compositor, Jessé “Blindog”, que eu recomendo com ênfase.
O álbum está disponível em versão de mídia física tradicional e também através das plataformas musicais.

CD Avenida Paulista - Jessé Blindog Carvalho
Gravado, mixado e masterizado por Alexandre Fontanetti no Estúdio Space Blues de São Paulo
Capa e encarte/lay-out: José Irecê Martins e Angeli (dog)
Fotos: Leandro Medina (capa) e Fabio Grum
Produção: Jessé “Blindog” Carvalho e Alexandre Fontanetti
Direção geral: Jessé “Blindog” Carvalho
Jessé Blindog Carvalho: Guitarra, baixo, backing vocals, composições, letras e arranjos

Músicos convidados:
Rama Raynsford: Voz (faixas 1 a 6, 8 a 10 e 12)
Bruno Trítono Santana: Voz (faixas 7, 11, 13 e 14)
Marcelo Viterite: Bateria
Robson Fernandes: Gaita


Para conhecer melhor o trabalho de Jessé "Blindog" Carvalho, acesse:

Facebook:

Canal do YouTube:

Contato direto com o artista:
blindogpowerblues@yahoo.com.br

É isso aí pessoal!
Espero que tenham gostado de mais uma matéria do sensacional Luiz Domingues.
Um abraço e até a próxima coluna! 

Um comentário:

Jessé Blindog disse...

Meus agradecimentos, pelo apoio de sempre, aos amigos Fernando Tavares e Luiz Domingues, o autor da resenha. Isso me serve de combustível para continuar carregando a pesada bandeira da música autoral pelos espinhosos e tortuosos caminhos do músico independente! Forte abraço e o meu muito obrigado a ambos!!!