Olá pessoal!
Nesta semana damos continuidade a nossa coluna de teoria e análise. Diferente das outras colunas deste blog nas quais eu passo estudos teóricos e práticos sobre os assuntos abordados, neste espaço buscamos refletir sobre os conteúdos e instigar novas pesquisas dos leitores.
Vocês podem conferir as colunas anteriores em que falo um pouco sobre os modelos de estudos que desenvolvo nos links abaixo: Deixei apenas o da coluna quatro, porque ela contém todas as colunas anteriores.
Coluna 4: http://www.femtavares.com.br/2023/05/teoria-e-analise-o-blues-como-tipo.html
Falamos um pouco sobre os esquemas harmônicos no Jazz, no Fusion e na última coluna no Blues.
Nesta coluna, eu pretendo abordar formas práticas de estudar cada um dos esquemas. Lembro que no início da minha vida como estudante eu passava muito tempo estudando técnicas e teoria e mesmo que estudasse harmonia era sempre de uma forma bem teórica.
Basicamente, o meu estudo consistia em analisar músicas e procurar compreender qual era a melhor escala ou o melhor arpejo. Assim foi durante alguns anos, mas em um determinado momento percebi que a minha criatividade não era explorada em nenhum dos estudos que fazia e neste momento resolvi tomar uma decisão drástica: - Se um determinado material não fosse aplicado eu não passaria para um próximo, ou simplesmente o abandonaria em algum momento.
Lembro de me dedicar exaustivamente na busca por compreender as frases, os improvisos, as composições dos músicos com os quais me identificava. Depois de um tempo, quando comecei a escrever para as revistas especializadas em conrabaixo - Coverbaixo e Bass Player Brasil - passei a analisar também as músicas e os baixistas que me eram solicitados.
Depois de muitos anos, passei a compreender que a música é feita da forma mais simples possível, com a linguagem de cada estilo sendo respeitada o tempo todo. O que eu quero dizer com isso:
Perguntamos qual o estilo de um determinado músico, quando deveríamos perguntar em qual estilo tal músico está inserido. Um músico de Heavy Metal trará a caixa de ferramentas compatíveis com o estilo, ou seja, ele não usará ferramentas da MPB, por exemplo.
Entendam bem o que quero dizer, não é que um músico de Heavy Metal não possa usar ferramentas da MPB, apenas que se ele usar estas ferramentas fará uma sonoridade híbrida que não condiz com a sonoridade tradicional do Heavy Metal. Aí vocês podem ter outra pergunta, mas se eu quiser fazer isso?
Um artista sempre deve fazer aquilo que está em sua mente e em seus dedos, mas sempre pense que você tocará para outras pessoas e como elas se sentirão quando ouvir a sua música.
Eu sempre faço essa pergunta quando início algum projeto musical, pois é importante saber para quem vou compor, por isso gosto do Apostrophe', afinal nele eu componho para mim e não espero que as outras pessoas curtam, eu encaro apenas como um quadro em branco que vou colocando as cores que desejo. Obvio que eu fico extremamente feliz quando alguém se identifica, mas isso é um outro problema.
Como a nossa ideia aqui é sempre deixar algo para vocês trabalharem, sugiro que tentem compor algo com os elementos harmônicos que foram passados nas aulas anteriores. Mas lembrem-se, a harmonia é apenas um aspecto da música, para ser um compositor eficiente é preciso dominar os outros elementos importantes como a melodia e o ritmo, por exemplo. Mas vamos por partes, primeiro componha duas partes de uma mesma ideia, utilizando as sequências ensinadas, sendo que cada parte pode ter 8 ou 16 compassos. Surpreenda-se com as harmonias e as semelhanças com diversas outras músicas. Vou deixar aqui um exemplo de um exercício que fiz e na próxima coluna apresento a versão final da música.
Exemplo de composição
Estas aulas são parte de um acervo produzido pelo autor e que estão relacionadas as suas pesquisas sobre contrabaixo, análise e teoria musical.
Para maiores informações entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com
É isso aí!
Espero ter contribuído com mais algumas reflexões para o seu estudo.
Abraços e até a próxima coluna!
Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).
É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"
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