quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Técnicas para contrabaixo - Elementos de Interpretação – Parte 2

Olá, pessoal!

Nesta semana, dou continuidade à coluna da edição anterior, abordaremos mais um elemento essencial de interpretação: o Slide. Esta técnica, popularmente conhecida como a "escorregada" sobre as cordas, é amplamente utilizada e apreciada por músicos. A coluna foi originalmente publicada na seção "ABC do Baixo" da antiga revista Bass Player Brasil.

Este artigo faz parte de minha coleção de estudos, que abrange tópicos como contrabaixo, teoria musical e análise.

Para acessar outros artigos e trabalhos que publiquei, visite o link:

Para mais informações ou dúvidas, entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com

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O Slide

O Slide consiste em deslizar o dedo ao longo da corda para criar uma transição suave entre notas. É o famoso "vroom" que muitos músicos adoram incorporar em suas performances. Ao contrário do que alguns baixistas podem pensar, existem diversos tipos de Slide, que serão apresentados a seguir em quatro exercícios distintos.

Na notação musical, o Slide é representado por um traço inclinado. Um traço ascendente indica o movimento do grave para o agudo, enquanto um traço descendente indica o movimento do agudo para o grave.


Exercício 1: Slide de transição

Neste exercício, o Slide é utilizado para transitar de uma nota para outra de forma quase imperceptível. Essa técnica é especialmente útil em passagens que exigem mudanças de posição no instrumento.

  • Exercício 1a: Toque a nota Lá (5ª casa da corda Mi) e deslize o dedo até a nota Si (7ª casa da mesma corda). Em seguida, toque a nota Si com a mão direita. Certifique-se de que apenas duas notas sejam ouvidas: Lá e Si. É importante evitar que o som da nota Si soe como um prolongamento do Slide. Repita o exercício em todas as cordas.
  • Exercício 1b: Execute o mesmo movimento no sentido descendente, ou seja, do agudo para o grave.


Exercício 2: Slide ligado

Este exercício introduz o Slide com som ligado, ou seja, sem a intervenção da mão direita após o início do movimento.

  • Exercício 2a: Toque a nota Lá (5ª casa da corda Mi) e deslize o dedo até a nota Si, sem tocá-la novamente com a mão direita. O som deve ser contínuo e ligado. Repita em todas as cordas.
  • Exercício 2b: Execute o mesmo movimento no sentido descendente.


Exercício 3: Slide sem ponto de partida fixo

Neste exercício, o Slide começa de qualquer ponto do braço do instrumento, sem uma nota definida antes do movimento.

  • Exercício 3a: Inicie o Slide do grave para o agudo, terminando na nota Si.
  • Exercício 3b: Realize o movimento inverso, do agudo para o grave, também finalizando na nota Si.



Exercício 4: Slide de saída

Aqui exploramos o que denomino "Slide de saída", utilizado para encerrar frases musicais de forma estilizada.

  • Exercício 4a: Toque a nota Si e deslize para uma região mais grave, "apagando" o som da corda antes de tocar a próxima nota.
  • Exercício 4b: Repita o mesmo movimento, mas deslizando para uma região mais aguda.



Exercício 5: Levada com Slide

Este exercício aplica combinações de Slides em um groove baseado na escala de Dó maior. A prática de linhas melódicas com Slides permitirá uma compreensão mais profunda dessa técnica.



Recomendo o estudo de músicas que utilizem Slides e outros elementos de interpretação. Incorporar essas técnicas ao seu repertório pessoal é fundamental para enriquecer sua performance. Pesquise músicas de baixistas que você admira e observe como eles aplicam esses elementos em suas linhas de baixo.

Bons estudos e até a próxima coluna!

Fernando Tavares
Utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Harmonia - Aula 02 - Escala Maior

Olá, pessoal!

Nesta semana, daremos continuidade ao curso de harmonia aqui no site. O tema desta coluna será a Escala Maior.

Este artigo faz parte da minha coleção, que reúne diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical. Para conferir alguns dos trabalhos e artigos que publiquei, acesse o link:

http://www.femtavares.com.br/p/midiaimpressa-fernandotavares-sempre.html

Para mais informações, entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com.


O que é uma escala?

De acordo com a Enciclopédia do Estudante da Editora Moderna, "escala é a sucessão de notas ordenadas do grave para o agudo (ascendente) ou do agudo para o grave (descendente). Existem vários tipos de escala, que variam de acordo com a quantidade de notas e os intervalos que as compõem. Esta é a definição mais precisa e abrangente, visto que outras definições acabam esbarrando em algumas exceções".

A Escala Maior é construída com a seguinte sequência de intervalos: Tom, Tom, Semitom, Tom, Tom, Tom e Semitom.

Por exemplo, a escala de Dó maior é formada pelas notas:
Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si e Dó.



Ao analisar os intervalos dessa escala:

  • Do 1º para o 2º grau, a distância é de um tom (Dó para Ré).
  • Do 2º para o 3º grau, também temos um tom (Ré para Mi).
  • Do 3º para o 4º grau, a distância é de um semitom (Mi para Fá).
    E assim por diante, seguindo a sequência acima.

Exemplo prático: Escala de Sol Maior

A escala de Sol maior é formada pelas notas:
Sol (G), Lá (A), Si (B), Dó (C), Ré (D), Mi (E), Fá sustenido (F#) e Sol (G).

Note que, originalmente, entre o 6º grau (Mi) e o 7º grau (Fá), a distância é de um semitom, o que não corresponde à sequência de intervalos da escala maior. Para corrigir isso, elevamos o 7º grau (Fá) em meio tom, transformando-o em Fá sustenido.

Portanto, a escala de Sol maior segue os mesmos intervalos da escala de Dó maior:
T, 2ª Maior, 3ª Maior, 4ª Justa, 5ª Justa, 6ª Maior e 7ª Maior.



Observações importantes

Todas as escalas maiores seguem a mesma lógica de construção. Além disso, as digitações no instrumento permanecem iguais à da escala de Dó maior. Para transportar o modelo para outra escala, basta alterar a fundamental para a nota desejada e manter a mesma configuração.




Estude o modelo padrão e aplique-o em diferentes escalas para desenvolver fluidez e familiaridade com o desenho. Para dúvidas ou sugestões, entre em contato!

Vídeo



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Bons estudos e até a próxima coluna!

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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

O estilo musical de Jack Bruce - Parte 1

Olá, pessoal!

Nesta semana, apresento a primeira parte da coluna sobre o estilo musical de Jack Bruce (1943–2014).

Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical.

Para conferir alguns dos trabalhos e artigos que publiquei, acessem o link:


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Jack Bruce

Matéria original publicada na Bass Player Brasil #34 de julho de 2014.

Jack Bruce, nascido em 14 de maio de 1943, em Bishopbriggs, Escócia, foi um renomado baixista, cantor, compositor e multi-instrumentista, amplamente reconhecido como um dos pioneiros na elevação do baixo elétrico ao status de instrumento solista no rock. Ele foi um dos membros fundadores do lendário power trio Cream, ao lado de Eric Clapton e Ginger Baker, grupo que definiu a era do rock psicodélico dos anos 1960.

Formado em violoncelo e composição pela Royal Scottish Academy of Music, Bruce desenvolveu uma abordagem única ao baixo, combinando técnica avançada com um senso melódico refinado, influenciado por gêneros como jazz, blues e música clássica. Sua habilidade de improvisação e seu estilo vocal expressivo contribuíram para sucessos icônicos do Cream, como Sunshine of Your Love, White Room e Crossroads.

Após a dissolução do Cream em 1968, Bruce manteve uma prolífica carreira solo, lançando álbuns notáveis como Songs for a Tailor (1969) e colaborando com artistas de diferentes gêneros, incluindo Frank Zappa, John McLaughlin e Carla Bley. Sua versatilidade musical permitiu-lhe explorar diversas vertentes, do rock progressivo ao jazz fusion.

Jack Bruce faleceu em 25 de outubro de 2014, em Suffolk, Inglaterra, devido a complicações de uma doença hepática. Seu legado permanece como uma referência fundamental no universo do contrabaixo elétrico, influenciando gerações de músicos e consolidando-o como um dos maiores baixistas da história.

Análise das Linhas de Baixo de Jack Bruce

Badge – Base do Solo – 1:38

Nesta base, Bruce utiliza variações das notas dos arpejos, além de aproximações cromáticas e da escala da tonalidade. Nos compassos 9 e 11, ele aplica a escala pentatônica de Ré menor sobre o acorde de Ré, onde a nota F atua como uma “blue note”, uma ideia amplamente explorada no blues.


Sunshine of Your Love – Base de Voz e Refrão – 0:17

As influências do blues estão presentes tanto na estrutura quanto na concepção da frase melódica, que é uma das mais emblemáticas da carreira do Cream. A frase foi construída com as escalas blues dos acordes de Ré menor e Sol menor.


I Feel Free – Refrão – 0:48

Nesta base, Bruce utiliza um padrão comum no rock, formado pelos intervalos de fundamental, quinta, sétima e oitava. Esse padrão é mais uma herança do blues.


No Surrender – Intro

A base é escrita com a pulsação na metade do tempo, facilitando a notação. Poderia ser indicada no tempo normal com a anotação “half-time feel” para expressar essa ideia. A frase explora principalmente as fundamentais de cada acorde, com o destaque rítmico sendo o segredo do trecho.


Strange Brew – Intro

A estrutura de Strange Brew reflete um blues de 12 compassos, com Bruce utilizando as notas da escala pentatônica menor sobre os acordes maiores, uma prática recorrente no blues.


Fiquem atentos na segunda e última parte da nosa coluna sobre o lendário baixista Jack Bruce que saíra no próximo mês.

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Bons estudos e até a próxima coluna!

Fernando Tavares utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

MKK BASS SESSIONS - Programa #102

 NESTE DOMINGO, ÀS 20H, PROGRAMA INÉDITO! 🎸🎶

O MKK Bass Sessions #102 chega com um especial imperdível: cinco baixistas que você precisa conhecer!

Nesta edição, apresentaremos o talento de Blu DeTiger, Victor Kutlak, MonoNeon, Evan Marien e Hadrien Feraud.

📻 Sintonize na MKK Web Rádio todas os domingos às 20h para acompanhar o programa!

🔍 Quer saber mais sobre meu trabalho e pesquisas?

Acesse www.femtavares.com.br ou envie um e-mail para femtavares@gmail.com.

📲 Tem sugestões de baixistas ou ideias para os próximos programas?

Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp: (11) 9 8291-6790 ou entre em contato pelas redes sociais!

🎧 O programa também está disponível no Spotify e Mixcloud – basta procurar MKK Bass Sessions!

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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Lista de Documentários


Olá amigos!

Segue uma lista com documentários de música para vocês assistirem. 

MPB e Música Brasileira

  1. BBC Brasil – Episódio 01: Do Samba à Bossa (2007) - Assistir no YouTube
  2. BBC Brasil – Episódio 02: Revolução Tropicalia (2007) - Assistir no YouTube
  3. A Maestrina Chiquinha Gonzaga - Série 500 anos de História do Brasil - Assistir no YouTube
  4. A Verdadeira História do Samba - Assistir no YouTube
  5. Alquimistas do Som – A Experimentação na MPB - Assistir no YouTube
  6. Bossa Nova – Coisa Mais Linda - Assistir no YouTube
  7. Chico Science – Movimento Manguebeat - Assistir no YouTube
  8. Clube da Esquina – Sobre Amigos e Canções - Assistir no YouTube
  9. Hermeto Pascoal – Os Sons de Hermeto - Assistir no YouTube
  10. Hermeto Pascoal – Quebrando Tudo - Assistir no YouTube
  11. História Da Música Brasileira - Assistir no YouTube
  12. LÓKI – Arnaldo Baptista (Parte 1) - Assistir no YouTube
  13. MPB: A História que o Brasil não conhece - Assistir no YouTube
  14. MPB nos tempos da ditadura - Assistir no YouTube
  15. Paulinho da Viola – Meu Tempo é Hoje - Assistir no YouTube
  16. Uma Noite em 67 - Assistir no YouTube
  17. Velha Guarda Da Portela – O Mistério Do Samba - Assistir no YouTube
  18. Ave Sangria – Sons de Gaitas, Violões e Pés - Assistir no YouTube
  19. Dona Joventina – Maracatu Estrela Brilhante - Assistir no YouTube
  20. Partido Alto - Assistir no YouTube
  21. Samba Carioca – Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil - Assistir no YouTube
  22. Samba Riachão - Assistir no YouTube
  23. Novos Baianos F.C. 1975 - Assistir no YouTube
  24. Simonal – Ninguém Sabe O Duro Que Dei - Assistir no YouTube

Rock e Punk

  1. 20 Anos Na Estrada Do Rock – Its Only Rolling Stones - Assistir no YouTube
  2. BIZZ – Jornalismo, Causos e Rock and Roll - Assistir no YouTube
  3. Botinada – A História do Punk no Brasil - Assistir no YouTube
  4. Cazuza – Sonho de Uma Noite no Leblon - Assistir no YouTube
  5. O Som do Vinil – Tropicália - Assistir no YouTube
  6. O Sonho Não Acabou – O Rock Paulista da Década de 80 - Assistir no YouTube
  7. Os Doces Bárbaros - Assistir no YouTube
  8. Titãs – A Vida Até Parece uma Festa - Assistir no YouTube
  9. Titãs – Tudo Ao Mesmo Tempo Agora – Documentário - Assistir no YouTube
  10. RPM – Documentário - Assistir no YouTube
  11. Ruído Das Minas – O Heavy Metal Mineiro - Assistir no YouTube
  12. Rock Progressivo - Assistir no YouTube
  13. Mulheres no Metal - Assistir no YouTube
  14. Daquele Instante em Diante – Itamar Assumpção - Assistir no YouTube
  15. Guidable – A Verdadeira História do Ratos de Porão - Assistir no YouTube
  16. Os Paralamas do Sucesso – Paralamas em Close Up (1998) - Assistir no YouTube

Diversos

  1. A Revolução Gótica - Assistir no YouTube
  2. Tallis, Byrd e os Tudors - Assitir no YouTube
  3. Palestrina e os Papas - Assistir no YouTube
  4. Bach e o Legado Luterano - Assistir no YouTube
  5. Documentário Heitor Villa-Lobos - Assistir no YouTube
  6. Villa-Lobos – Manchete - Assistir no YouTube
  7. Villa-Lobos – Índio de Casaca - Assistir no YouTube
  8. Nelson Freire - Assistir no YouTube
Alguns links foram extraídos e atualizados do site de 
https://pedroconsortebr.wordpress.com/2012/10/30/documentarios-sobre-a-musica-brasileira-lista-completa/ 

Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical.

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Bons estudos e até a próxima coluna!

Fernando Tavares utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Artigo Acadêmico - As transformações e heranças do modelo pedagógico Napolitano: uma pequena reflexão a partir do tratado de João Sépe

Olá pessoal!

Estou aqui hoje para apresentar o artigo acadêmico "As transformações e heranças do modelo pedagógico Napolitano: uma pequena reflexão a partir do tratado de João Sépe", lançado na  Revista Orfeu em 19/09/2024. O Artigo foi escrito ao lado de Diósnio Machado Neto

Revista: Orfeu

Edição:  v. 9 n. 2 (2024): Dossiê: V Encontro da Associação Brasileira de Teoria e Análise Musical - TeMA 

Como citar: TAVARES, Fernando; MACHADO NETO, Diósnio. As transformações e heranças do modelo pedagógico Napolitano: uma pequena reflexão a partir do tratado de João Sépe. Orfeu, Florianópolis, v. 9, n. 2, p. e0103, 2024. DOI: 10.5965/2525530409022024e0103. Disponível em: https://periodicos.udesc.br/index.php/orfeu/article/view/25505. Acesso em: 19 dez. 2024.

Link para o download do artigo: https://periodicos.udesc.br/index.php/orfeu/article/view/25505


Resumo do artigo

Este artigo explora a evolução do modelo pedagógico napolitano, concentrando-se nos trabalhos de Fedele Fenaroli (versões de 1775 e 1847) e João Sépe (lançado em 1942). Destaca como o livro “Regole musicali per i principianti di cembalo”, lançado por Fenaroli, testemunhou mudanças no pensamento musical ao longo do século XIX e possuía semelhanças com os exercícios de harmonia e contraponto, no “Tratado de Harmonia” de João Sépe, amplamente utilizado em escolas de música no Brasil. Para tanto, em um primeiro momento, comparamos o formato da escrita dos exercícios e discutimos o modelo de ensino por meio dos baixos instrucionais. Posteriormente, apresentamos um modelo comparativo dos quatro ensinamentos musicais fundamentais dos cadernos de partimento: Regra da Oitava, Cadências, Suspensões e Movimentos de Baixo. Ademais, apresentamos uma breve discussão sobre as formas de modulações que encontramos nos autores. Por fim, demonstramos como a realização harmônica, transmitida através dos baixos, ganha destaque, evidenciando a força do acorde como unidade harmônica em relação às passagens contrapontísticas.

PALAVRAS-CHAVE: Fedele Fenaroli, João Sépe, harmonia, contraponto, partimento

Abraços e até a próxima coluna!


Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).
É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Transcrição do Mês - Yes - Heart of the Sunrise


Olá, pessoal!

Nesta semana, apresento a transcrição com texto da música "Heart of the Sunrise" da banda Yes, com Chris Squire no contrabaixo.

Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical.

Para conferir alguns dos trabalhos e artigos que publiquei, acessem o link:

Meus Trabalhos e Artigos Publicados

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Sobre o Álbum "Fragile"
Heart of the Sunrise está no álbum Fragile, lançado em 1971. Este disco é um marco na carreira do Yes, sendo o primeiro a apresentar a formação clássica da banda, com Jon Anderson, Chris Squire, Steve Howe, Rick Wakeman e Bill Bruford. O álbum é conhecido pela fusão de estilos musicais complexos, incluindo rock progressivo, música clássica e elementos de jazz, criando uma sonoridade única e inovadora para a época. "Heart of the Sunrise" é uma das faixas mais emblemáticas, exemplificando a habilidade da banda em construir peças longas e intricadas, com mudanças de tonalidade, dinâmicas e texturas sonoras.

Link da Transcrição: Heart of the Sunrise


A música é dividida em várias partes, sendo uma das mais elaboradas da carreira da banda. Os trechos são repetidos poucas vezes e, no final da música, quando alguma ideia é retomada, ela volta em uma nova tonalidade. Ao longo do texto, iremos descrever essas partes.

Esta peça é interessante pela atenção aos detalhes nas várias camadas musicais, variações de andamento, fórmulas de compassos e contrastes entre partes mais calmas e mais rápidas.

A Introdução
A introdução da música é feita utilizando a escala de G# menor. Preste atenção aos cromatismos utilizados pela banda, que proporcionam um efeito muito interessante ao trecho. Além disso, observe como a variação de execução da frase em oitavas diferentes cria uma sensação única para a música. Esta introdução ocorre várias vezes ao longo da canção, portanto, compreendê-la é crucial, pois ela liga diversas partes do tema.

A fórmula de compasso deste trecho é 3/4.

A Segunda Parte da Introdução
No compasso 17, temos uma pequena ponte para a segunda parte da introdução, construída com a Pentatônica de G# menor. A maestria de Squire ao trabalhar com a pentatônica e suas variações é notável. Ele alterna o sentido das frases e manipula constantemente a parte rítmica, utilizando principalmente colcheias, mas também explorando tercinas e semicolcheias em algumas passagens. Este trecho vai do compasso 21 até o compasso 74.

Retorno à Introdução e Desenvolvimento
No compasso 75, temos o retorno da introdução, mantendo a tonalidade e os mesmos aspectos musicais. Esta parte se estende até o compasso 132.

A Linha de Baixo na Parte Posterior
A partir do compasso 155, inicia-se uma linha de baixo memorável, que interage com a base vocal. A linha é extremamente criativa e evidencia o uso de notas das tríades, além das pentatônicas dos respectivos acordes. Os ornamentos criam um toque especial, com a linha se movendo da parte aguda do instrumento para a parte grave no refrão, mantendo uma construção semelhante.

Interlúdio e Novas Bases de Voz
No compasso 169, encontramos um interlúdio onde os acentos em partes fracas do tempo são explorados para criar um efeito interessante. As fundamentais de cada acorde são trabalhadas na parte melódica. No compasso 176, surge uma nova base vocal, utilizando ideias similares à base anterior, mas com uma linha completamente diferente, destacando a criatividade do baixista.

Refrão e Dupla Linha de Baixo
Entre os compassos 182 e 187, voltamos à primeira base vocal. A partir do compasso 188, começa o refrão, que é executado de maneira distinta da primeira vez. Neste refrão, temos duas linhas de baixo: uma tocando as fundamentais de cada acorde, enquanto a outra executa os acordes de forma dedilhada, como se fosse um violão.

Solo de Guitarra e Dinâmicas de Baixo
No compasso 253, inicia-se o solo de guitarra, e um dos aspectos mais marcantes desse trecho é a dinâmica utilizada pela banda. Na primeira execução, tudo é tocado de maneira suave (piano), mas na repetição, a mesma ideia é executada com mais intensidade. As dinâmicas são essenciais para a linha de baixo, que começa apenas com as fundamentais dos acordes e, mais tarde, se desenvolve com frases criativas em contraponto à melodia vocal.

Conclusão e Considerações Finais
A partir do compasso 301, a música se encaminha para seu final. Os trechos são reapresentados, mas agora em tonalidades diferentes. Esta música exige muita dedicação do estudante, pois todos os trechos são executados com virtuosismo e grande criatividade por Chris Squire. Ele foi, sem dúvida, um dos músicos mais criativos de sua época, com uma habilidade técnica e um conhecimento harmônico impressionantes.

Conclusão Musical
"Heart of the Sunrise" é uma obra-prima do rock progressivo, e estudar esta música permite ao músico aprimorar sua técnica, criatividade e compreensão rítmica. Todos os músicos deveriam incorporá-la ao seu repertório, analisando suas passagens e tentando compreender o que foi utilizado em cada elemento sonoro criado pelo baixista.

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Bons estudos e até a próxima coluna!

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Heart of the Sunrise - Yes

Heart of the Sunrise - Yes

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