Olá, pessoal!
Nesta semana, apresento uma transcrição com texto explicativo no site. Para esta coluna, escolhemos a música Face First da banda Tribal Tech com Gary Willis no baixo.
Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical.
Para conferir alguns dos trabalhos e artigos que publiquei, acessem o link:
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Tribal Tech - Face First
Tribal Tech é uma banda de jazz fusion formada nos anos 80, conhecida por sua mistura de jazz, rock, funk e música experimental. Criada pelo guitarrista Scott Henderson e pelo baixista Gary Willis, a banda se destacou pelo virtuosismo e pela complexidade harmônica de suas composições. Com um som caracterizado por improvisação, grooves complexos e estruturas musicais desafiadoras, Tribal Tech se tornou uma referência dentro do cenário do jazz fusion. A banda lançou vários álbuns, sendo "Tribal Tech" (1987), "Tears of the Sun" (1993) e "X" (1999) alguns dos mais aclamados pela crítica. Tribal Tech é aclamada por músicos e fãs por sua habilidade técnica e inovação.
Gary Willis (nascido em 1957) é um baixista, compositor e educador norte-americano, amplamente respeitado por sua contribuição ao jazz fusion. Ele é conhecido por seu estilo de tocar o baixo com uma técnica avançada, utilizando tanto o fingerstyle quanto o slap. Willis é reconhecido pelo seu trabalho com a banda Tribal Tech, que fundou com Scott Henderson, e por sua carreira solo, onde explorou uma ampla gama de influências musicais. Além de sua habilidade como baixista, Willis é um educador renomado, compartilhando sua expertise em diversas plataformas, como DVDs de ensino e livros. Ele é considerado um dos baixistas mais influentes do jazz fusion, destacando-se pela originalidade e pela complexidade de suas linhas de baixo.
Esta transcrição foi originalmente publicada na Bass Player Brasil, edição 58, de julho de 2016.
Texto
No final dos anos 1960, surgiram diversos grupos que uniram o jazz a outros estilos, incluindo o rock n’ roll, originando o que hoje conhecemos como fusion. O gênero é famoso por seus ícones extremamente técnicos e com vasto conhecimento musical, além de contar com diversas composições complexas. O Tribal Tech se consagrou como uma das bandas mais conhecidas do fusion entre os anos 1980 e 1990, composta pelo genial guitarrista Scott Henderson e pelo não menos conceituado baixista Gary Willis. A banda inspirou inúmeros instrumentistas a dedicarem horas e horas de suas vidas tentando aprimorar suas habilidades e ampliar seus horizontes. Pessoalmente, fui profundamente influenciado pelo álbum Illicit (1992), um dos que mais escutei e estudei.
Bom, deixando de lado a nostalgia, voltemos nossa atenção à transcrição desta edição, Face First. Trata-se da faixa que abre o disco homônimo de 1993, a qual apresenta um groove espetacular de contrabaixo logo na introdução, além de diversas linhas complexas ao longo de sua duração. As linhas seguem uma ideia de fraseado, mas a cada repetição são executadas e construídas de maneira diferente.
A introdução (parte “A”) foi elaborada com um groove cuja estrutura se repete basicamente a cada dois compassos. O tom do trecho é Am, e foi utilizada a tétrade deste, acrescida de um cromatismo para a fundamental na construção. Preste atenção, também, nos abafados utilizados nessa parte (entre os compassos 1 e 9, como introdução; do compasso 10 ao 25, como parte “B”; e retornando entre os compassos 171 e 186). A parte “C” (entre os compassos 26 e 33, e entre os compassos 187 e 194) apresenta vários contratempos. Perceba como o baixista chega à fundamental dos acordes com diversas ideias diferentes, sendo que a nota que se deseja acentuar está grafada com o sinal de acentuação. O trecho é bem complexo, ritmicamente, e vale a pena analisar o aspecto rítmico antes de tentar executar as notas.
Na parte “D”, iniciada no compasso 34, Willis cria as frases com as notas dos respectivos acordes, explorando bastante as quintas e oitavas. Esse primeiro trecho termina no compasso 41 e retorna entre os compassos 195 e 202. No compasso 42 começa a parte “E”, em que temos um groove muito interessante feito com a escala pentatônica de C menor. O destaque vai para os abafados e as inúmeras frases no contratempo. Na parte “F”, surgem os solos de Face First, primeiro com o teclado. Essas partes foram construídas com o baixista fazendo muitas variações sobre as notas do acorde. Aqui, as frases utilizam a pentatônica de Am. No compasso 73, é executado um F#, que é a sexta de Am, dando um efeito dórico. Os destaques são os mesmos da parte “E”. Este trecho vai do compasso 50 ao 98. No compasso 99, temos a segunda parte do solo (parte “F”), em que Gary Willis constrói as frases com as notas do arpejo, explorando bastante os intervalos de quinta e de oitava.
Na parte “H”, temos um sinal indicando que o andamento segue o sentido de 2 por 2, o famoso half-time. A fórmula mantém-se para não dificultar a leitura, e o andamento pode seguir o mesmo bpm. O baixista explora novamente as quintas e oitavas, mas também insere cromatismos nas passagens. O trecho ocorre entre os compassos 107 e 138. Na parte “I” (dos compassos 139 ao 170), temos o solo de guitarra, durante o qual o baixista faz uma levada muito parecida com a da parte “E”. Repete as ideias, apesar de o acorde ser C7. O uso da pentatônica menor sobre esse acorde nos dá o efeito chamado “bluesy”. Por fim, a parte “J” apresenta o desfecho de Face First. Aqui, o baixo aproveita as ideias da parte “C”.
Gary Willis é uma das maiores referências da música instrumental dos anos 1980 e 90. Como mencionado anteriormente, ele influenciou uma infinidade de músicos. A transcrição escolhida é uma excelente oportunidade para estudar esse genial baixista e todas as suas ideias. Trabalhe cada parte separadamente, sempre começando em um andamento mais lento até chegar ao andamento da música.
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Bons estudos e até a próxima coluna!
Fernando Tavares utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.