segunda-feira, 9 de junho de 2025

Harmonia - Aula 05 - Aplicação de Quintas e Oitavas - Parte 1

Olá, Pessoal!

Nesta quinta coluna, estudaremos uma aplicação interessante de intervalos. A princípio, não vamos nos aprofundar em aspectos teóricos complexos. O foco será utilizar dois intervalos bastante comuns – quintas e oitavas – para criar algumas frases em uma levada.

Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical.

Para conferir alguns dos trabalhos e artigos que publiquei, acessem o link:

http://www.femtavares.com.br/p/midiaimpressa-fernandotavares-sempre.html

Para obter mais informações, entrem em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com


Aplicação de Quintas e Oitavas - Parte 1

Considerando a nota como fundamental, temos a nota Sol como a sua quinta e a sua oitava será a própria nota . No exemplo 1, temos o desenho dos dois intervalos. Esse desenho pode ser repetido a partir de qualquer nota, e tanto a quanto a podem ser usadas sobre acordes maiores e menores sem restrições (veja o exemplo 2). No exemplo 3, temos a base em que aplicaremos esses intervalos: a sequência A, F#m, D e E.


Agora, começaremos a aplicar a e a sobre a base.

  • Combinação 1: Usamos o intervalo de .

  • Combinação 2: Utilizamos o intervalo de , executado sobre a caixa da bateria nos tempos dois e quatro.

Combinação 1


Combinação 2



Na combinação 3, temos uma variação rítmica para o intervalo de e, na combinação 4, a mesma variação com o intervalo de . Esta variação é amplamente utilizada na Dance Music.

Combinação 3


Combinação 4


Essas são as primeiras ideias para a construção de frases. É essencial aplicar nossos estudos a um repertório. Tente trabalhar com um repertório que você goste de tocar.

Experimente utilizar essas variações, tocando os dois primeiros tempos com uma combinação e os dois últimos com outra. Também tente tocar a combinação apenas nos tempos 3 e 4.


Vídeo:


Abraços e até a próxima coluna, com mais aplicações de e !

Para obter mais informações, entrem em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com


Redes sociais:

Bons estudos e até a próxima coluna!

Fernando Tavares utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

Análise das linhas de baixo do álbum "Tales from Topographic Oceans" da banda Yes


Olá, pessoal!

Nesta semana, trago no site uma coluna especial sobre o trabalho de Chris Squire no álbum Tales from Topographic Oceans. Neste artigo, analisamos diversas linhas de baixo criadas por este lendário músico, explorando os aspectos harmônicos, melódicos e rítmicos que definem seu estilo único.

Esse material faz parte de um acervo cuidadosamente elaborado, que está disponível como apoio para as minhas aulas de contrabaixo, tanto presenciais quanto on-line. É uma excelente oportunidade para aprofundar seu conhecimento sobre as técnicas e a abordagem de um dos maiores baixistas do Rock Progressivo.

Além deste artigo, minha coleção inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria musical e análise, voltados para músicos que desejam expandir suas habilidades e compreensão do instrumento.

Para conferir mais trabalhos e artigos que publiquei, acesse o link:
http://www.femtavares.com.br/p/midiaimpressa-fernandotavares-sempre.html

Se tiver interesse em conhecer mais sobre o curso ou adquirir materiais de estudo, entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com.


Tales from Topographic Oceans - Yes



A banda britânica de rock progressivo Yes lançou seu sexto álbum de estúdio, Tales from Topographic Oceans, em 1973. Este álbum é visto como um dos mais ousados e ambiciosos da banda, espelhando a profundidade e complexidade do rock progressivo daquele período. O álbum, composto por apenas quatro faixas extensas, possui uma estrutura conceitual, onde cada segmento é inspirado em tópicos espirituais e filosóficos, fortemente influenciados pelo livro Autobiografia de um Yogi, de Paramahansa Yogananda.

O álbum é notável por sua extensa duração, com a faixa "Ritual (Nous Are One)" sendo uma das maiores já registradas pela banda. Cada uma das composições foi cuidadosamente estruturada, com letras e temas que exploram a busca espiritual, a natureza da existência e o despertar da consciência. Musicalmente, Tales from Topographic Oceans destaca-se pela habilidade técnica dos músicos, com solos intrincados de guitarra de Steve Howe, complexidade rítmica de Bill Bruford e o trabalho inovador de Chris Squire no contrabaixo, complementado pelas camadas harmônicas e melódicas criadas pelos teclados de Rick Wakeman e as vocais de Jon Anderson.

A obra foi recebida de forma mista, com alguns críticos destacando sua grandiosidade e originalidade, enquanto outros a consideraram excessivamente complexa e difícil de digerir. No entanto, Tales from Topographic Oceans tornou-se um marco na história do rock progressivo e uma das obras mais emblemáticas do Yes, consolidando sua posição como uma das bandas mais inovadoras da década de 1970.

Exemplo 1 - The Revealing Science of God


Este trecho corresponde à base da voz e é repetido durante a primeira parte da música, ocorrendo por volta de 3’05". Observe que, no primeiro tempo, há uma pequena variação na frase; para os outros trechos, tome como referência a linha do segundo compasso. A escala escolhida para construir esta frase é a pentatônica, e é importante prestar atenção ao uso do slide no segundo tempo. Este trecho exige grande velocidade do músico, uma vez que trabalha com sextinas e fusas, exigindo controle técnico e precisão na execução para manter a fluidez da performance.


Exemplo 2 - The Revealing Science of God


Este trecho se inicia aos 7'02" e corresponde à segunda base da voz. Foi construído utilizando os intervalos de fundamental, quarta e quinta dos respectivos acordes. Para entender melhor a frase, recomenda-se dividi-la a cada 1 tempo e meio, ou seja, ela começa no primeiro tempo e depois se repete a partir do contratempo do segundo tempo. Em várias músicas deste álbum, Chris Squire emprega esse tipo de raciocínio para construir suas linhas de baixo, sendo esses "deslocamentos" de tempo uma das principais características de seu estilo. Tais abordagens criam uma sensação de movimento e complexidade rítmica, algo que se torna uma marca registrada de sua técnica.


Exemplo 3 - The Remembering


Estes acordes correspondem a toda a introdução da música, com o baixista tocando as fundamentais correspondentes. Somente neste trecho, por volta de 2’00”, é que se inicia uma linha com frases no baixo. No primeiro acorde (Dm), Chris Squire utiliza a tríade nas cabeças de cada tempo, mas com uma pequena variação no terceiro tempo deste compasso, quando ele emprega a quarta como uma apogiatura para a quinta do acorde. No segundo compasso, é utilizada a escala Mi menor, que confere uma sonoridade distinta à linha. No terceiro compasso, o baixista repete a ideia do primeiro, substituindo a apogiatura por um slide entre as notas Sol e Lá, o que cria uma transição mais fluida e expressiva. Por fim, no quarto compasso, Squire utiliza a tríade de Mi menor para construir a frase, mantendo a coerência harmônica e adicionando variações rítmicas e melódicas que enriquecem a linha de baixo. Essa abordagem evidencia a habilidade do baixista em manipular acordes e escalas de maneira criativa e expressiva.


Exemplo 4 - The Remembering


Este trecho serve como base para um pequeno solo de steel-guitar, e o baixista construiu suas frases utilizando a fundamental, a quinta e a oitava. A construção da linha de baixo é simples em termos de intervalos, mas a complexidade reside na quantidade de notas que compõem a frase e no deslocamento da primeira nota em relação à cabeça do compasso. Este deslocamento cria uma sensação rítmica peculiar, o que adiciona um desafio técnico ao trecho. O baixista, portanto, não apenas trabalha com intervalos básicos, mas também com variações rítmicas que exigem precisão. Este trecho ocorre por volta de 10'19" e é fundamental para estabelecer a base harmônica e rítmica que suporta o solo da steel-guitar, mantendo a fluidez e a coesão na música.


Exemplo 5 - The Ancient


Este trecho corresponde à introdução do solo de teclado e ocorre por volta de 4’33”. A construção da frase utiliza apenas a fundamental e a oitava acima. A complexidade deste trecho está no fato de que a nota mais grave é acentuada juntamente com o bumbo, mas de forma aleatória, o que exige do baixista uma atenção cuidadosa ao posicionamento dos acentos. No exemplo transcrito, o baixista acentua a nota mais grave no primeiro e no quarto tempos do primeiro compasso, enquanto no segundo compasso o acento recai no segundo tempo. No terceiro compasso, o acento aparece no primeiro tempo, e no quarto compasso, novamente no segundo tempo. Essa variação rítmica exige precisão para garantir que os acentos estejam posicionados corretamente, mantendo a coesão rítmica com a bateria.


Exemplo 6 - The Ancient


Este trecho ocorre por volta de 7’02” e é uma frase executada por todos os instrumentos, utilizando contrapontos. O compasso está em 7/4, e o baixista toca todas as notas de forma staccato, o que adiciona uma percussividade à linha de baixo. A base harmônica é construída com a escala de Ré Maior, e o baixista utiliza a sétima menor (Dó) como uma blue note neste trecho. Esta nota é inserida para completar o cromatismo da frase, criando uma sonoridade mais expressiva e característica do estilo do músico. A utilização do staccato, combinada com a inserção da blue note, dá um caráter único à linha de baixo, que se destaca dentro da complexidade rítmica e contrapontística do trecho.


Exemplo 7 - Ritual


Este trecho corresponde a uma pequena parte da introdução e começa por volta de 2’12”. O baixista construiu a frase utilizando a escala mixolídia de Ré maior, com a nota Lá, que é a quinta do acorde, sendo a mais enfatizada neste trecho. A dificuldade da frase reside na variação rítmica empregada pelo baixista nas repetições, o que exige grande precisão e controle de timing. Quando a música transita para Dó maior, o baixista segue o mesmo conceito harmônico e rítmico para construir a frase, mantendo a consistência no estilo e na abordagem, o que demonstra a habilidade do músico em adaptar suas ideias dentro da progressão harmônica.


Exemplo 8 - Ritual


Este trecho ocorre por volta de 8’28” e se situa entre duas bases de voz. O baixista aproveita este pequeno interlúdio para realizar um solo de contrabaixo, utilizando uma técnica expressiva de slides durante a execução. A estrutura harmônica é baseada em dois acordes por compasso, mas o baixista utiliza apenas o segundo acorde como referência para a construção da frase. A escala pentatônica de cada um desses acordes é a base para a construção das frases, o que confere ao solo uma sonoridade sólida e coesa, ao mesmo tempo que permite uma boa variação melódica. O uso dos slides contribui para a fluidez da execução, demonstrando a habilidade do baixista em explorar a expressividade do instrumento dentro da harmonia proposta.


Para obter mais informações, entrem em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com

Redes sociais:

Facebook: https://www.facebook.com/femtavares
Instagram: https://www.instagram.com/femtavaresbaixo

Bons estudos e até a próxima coluna!

Fernando Tavares utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Discografia - Fernando Tavares

   Olá pessoal!



Compartilho aqui alguns álbuns da minha discografia. Eles estão disponíveis gratuitamente nos serviços de streaming.

Deixo os links do Spotify, mas eles podem ser encontrados em outros serviços.

Apostrophe' Duo - Smoking Pipe - CD




Apostrophe' Trio - Apostrophe'  - CD



Medusa Trio - 10 Anos - CD




Medusa Trio - Peso Pesado - EP



Liar Symphony – Choosing The Live Side – CD/DVD




Dead Man Walking - All My Hate - CD



Hotspot Project – Volume 1 - CD



Lee Recorda - Olhando a Vida de Cima do Ponto Central  - CD




Maurício Fernandes - Alone in the night




Abraços e até a próxima postagem!

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Transcrição do Mês - King Crimson – Book of Saturday

  


Olá, pessoal!

Nesta semana, apresento uma transcrição com texto explicativo no site. Para esta coluna, escolhemos a música Book of Saturday da banda King Crimson com John Wetton no baixo.

Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical.

Para conferir alguns dos trabalhos e artigos que publiquei, acessem o link:

http://www.femtavares.com.br/p/midiaimpressa-fernandotavares-sempre.html

Para obter mais informações, entrem em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com


King Crimson – Book of Saturday

John Wetton (1949–2017) foi um influente baixista, cantor e compositor britânico, amplamente conhecido por seu trabalho como membro das bandas de rock progressivo King Crimson, Asia e U.K. Nascido em 12 de junho de 1949, em Willenhall, Inglaterra, Wetton teve uma carreira musical notável, marcada por sua habilidade técnica e por sua voz distinta. Ele iniciou sua trajetória musical como baixista e vocalista em diversas bandas, antes de se destacar em King Crimson, onde tocou em álbuns icônicos como Larks' Tongues in Aspic (1973) e Red (1974).

Em 1981, Wetton co-fundou o supergrupo Asia, que se tornou um dos maiores nomes do rock progressivo dos anos 1980, com o álbum de estreia homônimo, que inclui hits como "Heat of the Moment." Além de seu trabalho em Asia, Wetton também foi membro de outras bandas como U.K. e passou por colaborações com artistas como Brian Eno e Robert Fripp. Seu estilo de tocar baixo era caracterizado pela técnica precisa e pelo uso criativo de efeitos, sendo um dos músicos mais respeitados do rock progressivo. Wetton faleceu em 31 de janeiro de 2017, deixando um legado duradouro no mundo da música.

Esta transcrição foi originalmente publicada na Bass Player Brasil, edição 65, de abril de 2017.

Clique aqui para o Link da transcrição 


Texto

John Wetton (12 de junho de 1949 – 31 de janeiro de 2017) foi um renomado baixista e cantor, atuando desde a década de 1970, quando ingressou na banda King Crimson, formando uma das cozinhas mais poderosas do rock progressivo ao lado do igualmente talentoso Bill Bruford. Esta parceria pode ser conferida em álbuns como Larks' Tongues in Aspic (1973), Starless and Bible Black (1974) e Red (1974), entre outros, que geraram canções como "Easy Money", "Starless", além das homônimas aos álbuns mencionados. Vale destacar que é particularmente interessante conferir algumas performances ao vivo da banda do período referido, para perceber a enorme capacidade de improvisação tanto do baixista quanto dos outros membros, registros esses disponíveis em álbuns como USA (1975) e The Great Deceiver (1992).

A dupla Wetton-Bruford também gravou o primeiro álbum do supergrupo U.K., que, além de Wetton e Bruford, contava com o tecladista e violinista Eddie Jobson, ex-integrante da banda de Frank Zappa, e o extraordinário guitarrista Allan Holdsworth. Com essa banda, Wetton registrou dois álbuns. Após o término do U.K., surgiu um novo supergrupo, o Asia, que contava com os ex-Yes Steve Howe (guitarra) e Geoff Downes (teclados), além de Carl Palmer (ex-EL&P). Rapidamente, o Asia se tornou uma das bandas mais populares do início dos anos 1980, devido aos hits "Only Time Will Tell" e "Heat of the Moment", este último sendo sem dúvida o maior sucesso comercial da carreira de Wetton.

Em todos os seus trabalhos, Wetton se destacou como um baixista versátil, cujas linhas de baixo demonstram grande vitalidade e fornecem uma sustentação harmônica sólida à música. Ele utilizava uma variedade de ferramentas, incluindo elementos característicos do rock, como quintas, oitavas e pentatônicas, mas também explorava outras escalas, como a escala diminuta (Domdim), além de cromatismos. Seu trabalho também se destacava pela incorporação de polirritmia e compassos pouco usuais, com um arsenal de elementos essenciais que permitiam a construção de diversas variações em suas linhas.

Para ilustrar o uso dessas ideias, podemos citar algumas canções do Asia ou da música "Red" do King Crimson, nas quais Wetton utiliza poucas notas para criar variações que acrescentam sustento e peso às composições. Já em linhas como as de "Starless" ou "Larks' Tongues in Aspic – Parte 2", Wetton trabalha com vozes unidas ou abertas, em parceria com guitarras e violinos, proporcionando variações interessantes para essas músicas.

Neste artigo, escolhi uma das linhas de contrabaixo mais belas criadas por Wetton, presente na música "Book of Saturday" do álbum Larks' Tongues in Aspic. Nessa linha, é possível perceber um músico maduro e no auge de sua criatividade, que cria um contraponto complexo em relação à guitarra e à sua linha vocal. Vale lembrar que a canção é construída apenas com baixo, voz e guitarra.

Na introdução, o baixista toca a fundamental e a quinta nos primeiros compassos. Na base vocal (compassos 5 a 12), ele utiliza a escala da tonalidade (Am) para construir as frases. No compasso 9, além de a fórmula de compasso variar para 5/4, Wetton utiliza um cromatismo para a nota E. Para o acorde de B7(b9), ele trabalha com a fundamental, a quinta e a oitava, prestando atenção ao sinal "Let Ring", que indica para deixar as notas soando. Na repetição da base vocal (compassos 13 a 20), o baixista explora novas melodias e cria uma linha completamente diferente da anterior. Embora ainda utilize a escala da tonalidade, cada linha segue um caminho próprio.

A partir do compasso 21, temos a ponte da música, que inicia com o V grau da tonalidade em uma progressão harmônica pouco usual. A linha de baixo trabalha com a escala de E mixolídio, e é possível perceber como o baixista trabalha com a tríade sobre o acorde de Bm, inserindo uma passagem com a nona. No interlúdio, durante um pequeno solo de violino, o baixista explora essencialmente a fundamental, quinta e oitava dos acordes, que são semelhantes aos usados na base vocal.

Nas demais bases da canção, as ideias são as mesmas, mas Wetton sempre insere novas abordagens utilizando os elementos apresentados anteriormente. Por fim, podemos concluir que esta linha de baixo é um exemplo claro de um músico extremamente musical e dedicado, que estudou a fundo as técnicas necessárias para criar um trabalho inovador.

Para mais informações sobre o meu trabalho, entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com

Redes sociais:

Bons estudos e até a próxima coluna!

Fernando Tavares utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.