Olá pessoal!
Estou aqui hoje para falar do trabalho "Partimentos com graus conjuntos: uma perspectiva para a análise e realização de esquemas de contraponto e harmonia".
Ele foi apresentado no IV Congresso da Associação Brasileira de Teoria e Análise Musical.
O programa do congresso pode ser encontrado no link:
https://tema.mus.br/eventos/public/conferences/1/schedConfs/6/program-pt_BR.pdf
O vídeo da apresentação pode ser assistido no link:
Resumo do trabalho
Os partimentos tinham como principal característica o ensino de contraponto e harmonia por meio de linhas de baixo que instruíam os estudantes de música. Tais linhas possuíam fragmentos e sequências de notas que seguiam determinados modelos apreendidos pelos músicos do período galante para improvisar e compor. A partir da compreensão destes movimentos de baixo, o músico os utilizava como base gramatical e como apoio para o sucesso do projeto discursivo organizado pela retórica. Estes movimentos de baixo poderiam ser feitos de diversas maneiras: por cromatismos ascendentes ou descendentes; por movimentos padrões como o da romanesca, que é caracterizado pelo movimento de quinta descendente, seguido por uma segunda ascendente e por graus conjuntos. Em suma, tais fragmentos instruíam um músico na melhor resolução para determinada sequência, ou partimento. Assim, o objetivo principal deste trabalho é demonstrar as realizações de partimentos por graus conjuntos. Para tanto, um dos tópicos de ensino do modelo italiano, a Regra da Oitava, é demonstrada de maneira sintetizada, pois em trabalhos anteriores deste grupo de estudo ela foi contextualizada em seus pormenores, tanto na sua forma mais comum, a harmonização das escalas ascendentes e descendentes (figura 3), quanto nas relações de fragmentos entre pequenos movimentos de baixo, com harmonizações particulares para cada grau da escala, denominada regola delle corde del tono. Assim, tendo como base esta regra tão difundida, iniciamos a comparação com outros modelos de harmonização para graus conjuntos. Para tanto, comparamos fragmentos que serão a base de determinadas schemata e de combinações harmônicas estabelecidas como padrões utilizados pelos compositores e improvisadores, dentre elas, a Romanesca (variação galante), Prinner, Do-Re-Mi, Fenaroli, entre outras. Além destes esquemas, comparamos com um outro tópico chamado movimento de baixo por grau conjunto ascendente (figura 4) e descendente (figura 5), que demonstram ideias de realizações diferentes das demonstradas na Regra da Oitava. Para fins de compreensão de como montar as realizações de baixo, Fedele Fenaroli (1775) indica três níveis de resolução para os partimentos: (1) só com as consonâncias, que na teoria do partimento significava aqueles intervalos que construíam os acordes na Regra da Oitava; (2) utilizando as dissonâncias, que seriam intervalos obtidos por meio da preparação por meio da ligadura, e por fim; (3) a utilização da diminuição e da imitação, que conferem ao partimento o seu estágio de arte. A compreensão destes três tipos de resolução auxiliará o leitor na próxima etapa do nosso trabalho, que compreende a demonstração destas ferramentas dentro de um acervo musical. Para tanto, foram utilizadas obras do Padre José Mauricio Nunes Garcia (1767-1830) e de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), compositores do período galante. Como conclusão, afirmamos que este trabalho se enquadra nas pesquisas do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH/USP) que desenvolve uma atualização constante de informações teóricas cruzadas com modelos analíticos anteriores e posteriores ao período galante para garantir aos pesquisadores de música as ferramentas adequadas para a análise dos compositores de tal período.
PALAVRAS-CHAVE: Partimento. Esquema Galante. Ensino de Música. Contraponto. Harmonia.
Abraços e até a próxima coluna!
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